Barracas padrão, uma grande variedade de artesanato, comidas típicas, arte indígena, pinturas, artista mambembe. Um cenário onde as diversas manifestações artísticas de Ribeira do Pombal foram realçadas mostrando todas as suas faces, um mosaico cultural apreciado por um bom público, que compareceu no fim da tarde e início da noite do último domingo, 12, à Praça da Juventude, para acompanhar de perto a 1ª Feira Criativa de muitas que ainda virão
Objetos confeccionados pelas mãos de quem manejam, dentro da própria casa, com a ajuda da família, a matéria-prima encontrada na natureza ou que é reaproveitada, fazendo-a receber um toque final que faz a criatividade do artista se manifestar na cerâmica, no couro, no barro, tecido, fios, madeiras, na dança, na música, onde o patrimônio material e imaterial de uma cultura se mistura num caldeirão de rica diversidade, retratando a sociedade nos seus mais diferentes extratos.
Foi nesse cenário cultural proporcionado pela 1ª Feira Criativa, por exemplo, que a Quadrilha Pé no Chão apresentou partes da coreografia de 2016 e deu uma prévia dos passos que estão sendo ensaiados para 2017, mas que o público presente ao evento teve a oportunidade de ver um pouco em primeira mão.
Apresentação da Quadrilha Pé no Chão
Inha Araújo e Wallace Cavalcanti, coreógrafos da Pé no Chão, em conversa com a nossa reportagem logo após a apresentação, adiantaram que este ano a Quadrilha vai trazer um pouco da história de Luiz Gonzaga, mas de um forma diferente, o que gera uma certa curiosidade nos fãs de como serão as próximas apresentações, como a que fará no Arraiá do Galinho, da TV Aratu, do qual vão participar pelo segundo ano consecutivo.
Inha Araújo e Wallace Cavalcanti, coreógrafos da Quadrilha Pé no chão
Como para o artesão criatividade não tem limites, até cabaça vira obra de arte e a telha ganha vários cenários no pincel de Raimundo Desenhista, que além de telhas, trabalha telas e grafite recriando pela pintura paisagens multifacetadas.
Raimundo Desenhista, talento na pintura
Esta artesã faz cabaça virar obra de arte
Seu Lourival, índio Kiriri da Aldeia Mirandela, expunha arco e flecha, colares, brincos, pulseiras, fazendo a arte indígena ir além da área demarcada de sua Aldeia. Para ele é um prazer ter essa oportunidade de mostrar o que a sua cultura é capaz de produzir, enfatizando a importância da cultura popular, da cultura de cada povo.
Genival, da Aldeia Marcação, disse que o clima na feira estava bastante animado e destacou o número de visitantes, para ele, bem acima do esperado por ser a primeira feira. Ele fez questão de frisar que o mais importante agora é a divulgação e que as vendas podem aumentar à medida que o evento for acontecendo, o que fará com que as suas produções e a dos demais artesãos se tornem ainda mais conhecidas.
A diversidade de elementos da cultura indígena
Vânia Reis, do Povoado Barrocão, que desenvolve um projeto com a cultura indígena, disse que a sua expectativa sobre a feira foi alcançada e que os colegas com os quais conversou também entendem assim e aprovam a ideia.
Fugindo um pouco do universo indígena, ali Vânia também expunha peças que fazem alusão à agressão sofrida pelas mulheres, como uma forma de denunciar uma situação dolorosa, como a violência contra a mulher, uma realidade, que segundo ela, sofreu na própria pele e ainda hoje clama por justiça, vendo, portanto, na arte, uma forma de desabafar.
A resistência feminina à agressão sofrida diariamente e muitas vezes aceita pelo silêncio da sociedade e das autoridades.
Vânia Reis desenvolve um projeto da cultura indígena e pinta quadros com mensagens em defesa da mulher, como forma de denunciar uma realidade que viveu.
Com forte imaginação para transformar toras de madeira e casca de coco em pássaros decorativos, Ricardo Artes disse que além disso ele transforma a madeira em outras peças na forma de carneiro, gato, barco, diversificando assim as obras que nascem do talento das mãos. Para ele a Feira Criativa tem tudo para dar certo, pois no primeiro dia o movimento foi surpreendente, até pelo pouco tempo de divulgação. Ricardo disse ainda que tão importante quanto as vendas é o artista poder divulgar a sua arte.
Até artista mambembe se fez presente ao evento. Vinícius, de Salvador, depois de fazer uma apresentação que chama de malabarismo de contato com utilização de uma bola, uma arte japonesa, falou à nossa reportagem, elogiando o evento e dizendo que quanto mais se faz cultura menos se tem violência.
Vinícius, artista de rua vindo de Salvador, fazendo sua apresentação
O Secretário de Cultura, Osvaldo Rocha, classificou como muito positivo o início do Projeto Feira Criativa, aproveitando para agradecer aos artesãos, ao público, patrocinadores ( Clínica Viva, Hospital do Rim e Nobre Construções), ressaltando também o compromisso que o prefeito Ricardo Maia vem demonstrando com a cultura popular ao realizar eventos e ações para fazê-la cada vez mais divulgada e valorizada. Osvaldo informou que a Feira Criativa será realizada em dois dias, sempre no primeiro sábado e domingo de cada mês, podendo inclusive, futuramente, acontecer semanalmente.
Todas as pessoas ouvidas por nossa reportagem estavam satisfeitas com o que viram e elogiaram o evento. O espírito era de entusiasmo com a diversidade de objetos bonitos feitos com tamanha criatividade dos artesãos, que trabalham a matéria-prima com paciência de um monge e habilidade de artífice que são e, com suas mãos talentosas, fazem tão rica a arte popular local.
Redação e fotos localhost/sitepombal
Foto principal: Assessoria de Comunicação de PMRP