Funcionária de loja é vítima de racismo na cidade de Tucano: ‘Só via isso em reportagem de jornal’

O caso aconteceu na última sexta-feira (26) e um vídeo viralizou nas redes sociais.

A auxiliar de serviços gerais Jéssica Martins, 26 anos, que trabalha em uma loja de rede nacional na cidade de Tucano, foi vítima de racismo e homofobia na última sexta-feira (26), por uma consumidora que estava no estabelecimento comercial.

Ao Acorda Cidade, a funcionária informou que a mulher estava com problemas para efetuar o pagamento das compras, e que em um determinado momento começou a fazer agressões verbais, direcionadas para a atendente do caixa.

“Neste dia eu cheguei, como de costume, em meu local de trabalho, pois eu faço a limpeza do estabelecimento. Lembro que antes das agressões eu ainda passei por esta mulher com o meu material em mãos. No momento que eu estava limpando a área dos caixas, ela estava passando as compras, porém optou por uma forma de pagamento que não estava dando certo, ou seja, era problema do sistema e não temos controle com relação a isso. Ela já estava muito agressiva com a moça que estava operando o caixa e iniciou as agressões verbais e nos chamou de ‘vagabundas’. Chamamos o gerente, e ela ainda o xingou, perguntando se era ele o gerente e o chamou de escravo. Aquilo ali foi um absurdo e comecei a fica incomodada com a situação”, relatou.

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Foto: Arquivo Pessoal

Mesmo com a presença do gerente, Jéssica informou que a cliente continuou com as agressões e insinuou que a funcionária tivesse algum tipo de relacionamento com ele.

“Quando o gerente se aproximou, eu informei que a mulher estava descontrolada. Ela simplesmente olhou para mim e perguntou se eu ‘estava dando’ para ele, pelo motivo de estar incomodada. Ela, por muitas vezes, me mandou calar a boca, me chamando de ‘negrinha’, acredito que no pensamento dela, por estar apenas limpando o local, eu não tinha o direito de falar nada. Me chamou de ‘bandida’, ‘vagabunda’, disse que eu deveria estar presa, que a polícia não deveria perder tempo com pessoas que nem eu e nunca imaginei passar por uma situação dessa. Foi algo tão terrível, que eu só via em reportagem de jornal, a gente não sente quando assiste, mas quando é na pele, a situação é diferente. Depois do episódio, eu tive uma crise, a mulher voltou insinuando que a menina do caixa não tinha entregado a nota fiscal, sendo que a todo momento, a nota fiscal estava dentro da bolsa dela”, informou.

Homofobia

Além do racismo, Jéssica também relatou que a cliente chamou, por diversas vezes, o gerente de gay.

“Ela é homofóbica, essa parte no vídeo que foi divulgada, não saiu porque a gente quer preservar a imagem e o trabalho dele. Além de racista, ela foi homofóbica, ela o chama de ‘gay’, diz que o que ele gosta, ela também gosta. Ela já esteve lá no estabelecimento outras vezes, os outros funcionários a reconheceram, e aparentemente, ela é uma pessoa muito fina, toda no salto. Olhando de longe, parece ser uma pessoa elegante, mas percebemos que era desequilibrada e completamente fora de si”, disse.

Denúncia

Jéssica Martins informou à reportagem do Acorda Cidade que o gerente preferiu não prestar queixa para preservar o trabalho.

“Eu fiz um Boletim de Ocorrência na própria sexta-feira, fui na delegacia, chamei uma advogada que tenho conhecimento e agora espero que a justiça seja feita. Já o gerente preferiu não prestar queixa por questão de preservar o emprego dele. Infelizmente, não sei se ela já foi intimada, porque nossa delegacia aqui da cidade não tem delegado pelo que sei. As coisas aqui são devagar, mas acredito que seja um prazo de 15 dias para ser intimada”, concluiu.

Com informações da produtora Maylla Nunes do Acorda Cidade