Mudanças no calendário de vacinação estão valendo para crianças e adultos

Desde a primeira semana de janeiro, os postos de saúde de todo o país passaram a adotar um novo calendário de vacinação para crianças, adolescentes e adultos. As principais alterações são com as doses de reforço das vacinas infantis contra meningite, pneumonia, poliomielite e HPV.

De acordo com o vice presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (Sbim) Renato Kfouri, as mudanças são normais e foram resultado dos muitos estudos e das novidades nessa área. “No nosso caso, acumulamos algumas atualizações que precisavam ser feitas diante dos resultados de novos estudos, surgimento de problemas e produtos mais novos”, esclarece o infectologista.

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No novo calendário vacinal, a imunização contra o papiloma vírus humano (HPV) é uma das principais alterações, pois agora o esquema passa a ser feito com duas e não três doses. As meninas devem receber a segunda dose seis meses após a primeira, deixando de ser necessária a administração da terceira dose. Segundo Renato Kfouri, isso aconteceu depois que estudos mostraram que o esquema com duas doses apresenta a mesma resposta de anticorpos.

“Depois da água potável, as vacinas foram as maiores contribuições para a saúde pública, porque ela protege não apenas quem é vacinado, mas todo o grupo em torno daquele indivíduo”, reforça o médico. Vale salientar que as mulheres entre 9 e 26 anos que vivem com HIV devem continuar recebendo o esquema de três doses.

Os estudos também comprovaram que que o esquema de duas doses mais um reforço tem a mesma efetividade do esquema três doses mais um reforço para a vacina pneumocócica 10 valente para pneumonia. Agora, os bebês sofrerão menos, uma vez que a vacina passará a ser aplicada em duas doses, aos 2 e 4 meses, seguida de reforço, preferencialmente  aos 12 meses.

A terceira dose da vacina contra a poliomielite, feita aos seis meses, deixa de ser oral (as gotinhas)  e passa a ser injetável. Segundo o Ministério da Saúde, a alteração representa uma nova etapa para o uso exclusivo da vacina inativada (injetável) na prevenção contra a paralisia infantil. No Brasil, o último caso foi em 1989. A partir de agora, a criança recebe as três primeiras doses do esquema – aos dois, quatro e seis meses de vida – com a vacina inativada poliomielite (VIP), de forma injetável. Já a vacina oral poliomielite (VOP) continua sendo administrada como reforço aos 15 meses, 4 anos e anualmente durante a campanha nacional, para crianças de 1  a 4  anos.

Kfouri explica ainda que a VOP tem um efeito protetivo bem interessante porque, ao ser ingerido pela criança, o vírus se multiplica no intestino e é expelido, indo parar na rede de saneamento e voltando na forma de água tratada que possibilita uma imunização indireta de muita gente. “No entanto para que essa segurança seja garantida a todos, é fundamental que pais e responsáveis não deixem de vacinar”, ressalta o médico, destacando que algumas doenças tidas como erradicadas voltam no momento em que a população deixa de fazer o controle, a exemplo da Coqueluche no Japão e do sarampo na Europa.

A proteção contra meningite causada pelo meningococo C também sofrerá mudança. O reforço passa a ser aplicado aos 12 meses, preferencialmente, podendo ser feito até os 4 anos.  As primeiras doses da meningocócica continuam sendo realizadas aos 3 e 5 meses.

Fonte: Correio da Bahia