O PROBLEMA É ESTRUTURAL E O SUBFINANCIAMENTO, DIZ DIRETOR DO HOSPITAL GERAL SANTA TEREZA

Danilo Matos, diretor do Hospital Geral Santa Tereza, falou pela primeira vez sobre a situação da unidade hospital desde que assumiu a função no início de abril de 2016. Ele recebeu a reportagem da Pombal FM, em seu escritório, na última terça-feira, 06, e disse que as dificuldades enfrentadas pelo HGST não são muito diferentes daquelas observadas no país, citando o Rio de Janeiro, que vem fechando portas de emergências.

Mas, segundo ele, mesmo com esses percalços, o  Hospital Geral conseguiu alguns avanços, pois houve um aumento de 200% em procedimentos, consultas, atendimento de emergência se comparado com 2015. No que se refere ao número de cirurgias gerais realizadas no mesmo período,  ele disse que o aumento foi de 465%. Já no atendimento de Ortopedia o  aumento foi de 250%. Porém, segundo ele, esse aumento é preocupante porque resulta de uma falta de assistência nas unidades hospitalares de alguns municípios, o que provoca o aumento do número de pacientes no Hospital Regional. “O que tem lotado o hospital, é a quantidade de pacientes nesse período vindos dos municípios vizinhos. O hospital anda superlotado”, chamando atenção para alguns municípios onde os prefeitos não conseguiram se reeleger ou fazer sucessor, e estão deixando de oferecer a atenção básica, fazendo com que muitas pessoas procurem o HGST, sobrecarregando o atendimento na unidade, que somados aos casos de urgência e emergência tem feito com que pacientes fiquem nos corredores. “A estrutura física do hospital não suporta mais atender uma região de 400 mil habitantes.”

Ele atribuiu à estrutura física e ao subfinanciamento a crise pela qual a unidade vem passando, colocando a situação financeira como a mais grave, pois da quantia de R$  1.937.000, 00 (um milhão, novecentos e trinta e sete mil reais), repassados à Fundação pelo Governo do Estado, 1 milhão e 400 mil são gastos com o pagamento da folha de funcionários (574 mil reais) e de médicos (741 mil reais),  sobrando cerca de 600 mil reais para gerir um hospital com sete leitos de UTI, além dos gastos com água, energia, medicamentos e outros materiais

Quando questionado porque apesar desse valor que ele considera insuficiente para gerir de forma satisfatória o hospital, a Fundação José Silveira insiste em continuar com o contrato, Danilo disse que para manter outros contratos que são considerados bons com o estado, a Fundação tem que assumir outros não tão bons assim, como é o caso do contrato para gerir o Hospital Geral Santa Tereza, classificado por ele como ruim para a Fundação, pois o dinheiro sequer dá para cobrir os custos, imagine investir para garantir um atendimento melhor e mais amplo.

Consócio para gerir o Hospital Geral Santa Tereza 

Sobre a proposta do governador Rui Costa de que o Hospital Geral Santa Tereza seja gerido por um consórcio formado pelos catorze municípios da área de abrangência da unidade hospitalar, Danilo disse que já estava sabendo e que havia conversado sobre isso com o prefeito Ricardo Maia, deixando bem claro que não se opõe desde que seja para melhorar as condições de funcionamento do hospital. “Se for para melhorar o hospital, que venha consórcio, que venha qualquer outra empresa. Se os outros prefeitos tiverem a mesma cabeça que o prefeito de Pombal tem, eu não tenho dúvida que dará certo”, disse o diretor.

Porém ele alertou que essa será uma experiência única até agora na Bahia de um consórcio gerir um hospital e que ele não sabe se com esse valor repassado pelo governo do estado será possível os prefeitos gerirem satisfatoriamente o hospital, destacando, porém, que a grande vantagem é que a gestão financeira será feita pela própria unidade, que terá uma maior autonomia para otimizar os recursos. Mas ele entende que o repasse feito no momento para o HGST é pouco e fica muito aquém daquilo que a região precisa em termos de investimento na saúde, com a qual o estado historicamente tem uma falta de atenção muito grande, alertando que o contrato do governo com a Fundação José Silveira para gerir o hospital de Ribeira do Pombal é um dos que têm o menor valor na Bahia em recursos para hospital geral.

Funcionários 

No que diz respeito aos funcionários, ele disse que toda mudança causa uma certa estranheza, mas sabe da competência de todos que trabalham no hospital, definindo que sua equipe é a melhor equipe de saúde do Nordeste baiano. “Os funcionários devem ficar tranquilos porque seja lá quem assuma, nós vamos continuar trabalhando porque o movimento do hospital não vai parar em virtude de mudança de gestão. E sobre direitos trabalhistas não é preciso se preocupar porque isso já está constituído em lei”, disse o diretor mostrando confiança de que seja quem for que venha assumir o hospital praticamente toda essa mão de obra qualificada será aproveitada.

Salários atrasados 

Danilo garantiu que não há salários atrasados, nem de funcionários nem de médicos. O que existe é atraso no pagamento de férias do mês de setembro, outubro e novembro. Também a primeira parcela do 13º que deveria ser paga no dia 30 de novembro não foi paga, mas que a Fundação tem até o dia 19 de dezembro para fazer o pagamento de 100% do 13º salário. Ele informou ainda que a renegociação que foi feita com os médicos que antes de ele assumir estavam com salários atrasados e chegaram a fazer algumas paralisações, foi honrada e que não existe nenhuma pendência nesse sentido e nem risco de uma nova paralisação.

Redação e foto Pombalfm.com.br