Um dos delatores da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, o consultor Júlio Camargo afirmou à Justiça Federal, nesta quinta-feira (16), que foi pressionado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. A informação foi confirmada ao jornal O GLOBO, por três pessoas presentes no depoimento. Segundo Camargo, Cunha pediu US$ 5 milhões pessoalmente a ele.
Ao GLOBO, Cunha negou a acusação e afirmou que o delator é um “mentiroso”. “Ele [Júlio Camargo] é mentiroso. Um número enorme de vezes dele negando qualquer relação comigo e agora [ele] passa a dizer isso. Obviamente, ele foi pressionado a esse tipo de depoimento. É ele que tem que provar. A mim, eu nunca tive conversa dessa natureza, não tenho conhecimento disso. É mentira”, disse o presidente da Câmara.
Júlio Camargo trabalhou como consultor das empreiteiras Toyo Setal e Camargo Corrêa, e nesta semana voltou a ser interrogado pelo juiz Sérgio Moro, quando fez novas revelações que não constavam de seus primeiros depoimentos. Na última terça-feira (14), Camargo disse ter dado R$ 4 milhões em propina para o ex-ministro José Dirceu (PT) a pedido do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, indicado pelo PT. Hoje, segundo os relatos colhidos pela reportagem publicada, acusou Eduardo Cunha de tê-lo extorquido.